Turismo Sustentável - Um Grito de Socorro

E terminou a Adventure Fair...
A feira que começou na quinta-feira dia 15, com exposição voltada para o ecoturismo, turismo de aventura e esportes terminou no domingo dia 18, com muitas atrações, palestras e muita discussão. 
As atrações não mudaram muito de 2013 para 2014, no nosso ponto de vista deixou um pouco a desejar, poucos expositores de estâncias brasileiras e os que chamaram atenção eram os estantes argentinos sempre suntuosos. 
imagem: Carla Bueno

O evento ainda sediou o 11º Fórum Interamericano de Turismo Sustentável ou FITS, este por sua vez foi o ponto forte da feira, envolvendo Ongs e empresas do setor, onde na roda de discussão era o tema "Parques Pedem Socorro".

Como sabe-se este assunto está aí soando em nossos ouvidos, uma vez  que muitos Parques Nacionais, estão passando por momentos difíceis com a falta de investimentos para manutenção do mesmo.
Segundo Anna Carolina Lobo, coordenadora do Programa Mata Atlântica da rede WWF, "cada vez mais são pouquíssimas pessoas para cuidar de milhares de hectares e, a cada dia, surge um projeto de lei diferente que enfraquece mais o Sistema Nacional de Unidades de Conservação ".

É com grande tristeza que visualizamos o que está acontecendo e como Turismólogos, agentes, ongs, empresas do setor,etc., como ficar calado com o tema e  não fazer nada? Lembrando que os Parques Nacionais são ferramentas essenciais para o desenvolvimento do Turismo Sustentável no Brasil.

Uma ideia clara foi o Projeto de lei 7.123/2010, do deputado federal Assis Couto (Pt/PR), que prevê a construção de uma rodovia no leito de onde, existiu entre os anos de 1953 e 2003 um caminho ilegal, denominado de "Estrada do Colono". Está via corta o Parque Nacional do Iguaçu ao longo de 18 Km e dividindo a reserva em duas partes.

Se for aprovado, o projeto pode trazer consequências irreversíveis ao Patrimônio Natural da Humanidade, pois este pode danificar com o devastamento de uma boa parte do parque que levou  cerca de 10 anos para se recuperar, isso é inaceitável...

Foi pensado nesta situação crítica, que diversa Ongs ambientais e instituições ligadas ao turismo sustentável elaboraram o Manifesto em defesa das Unidades de Conservação do Brasil.
A carta é aberta para assinaturas e contribuições de organizações com interesse são bem-vindas...
Interessados podem entrar em contato pelo e-mail sosparques@sosma.org.br...

O Brasil precisa sim acordar e saber valorizar mais os recursos naturais que possui, mas não basta só preservar e sim  a necessidade de se planejar e desenvolver mecanismos que possam melhorar o aproveitamento do uso turístico dos Parques, incluindo estudos de pesquisas para garantir a preservação sustentável da Unidades de conservação que a muito tempo estão abandonados e muitos sucateadas!!!

 Lembre-se que, juntos a gente pode mover grandes montanhas que estão pelo caminho!!!

Confira a seguir o manifesto na íntegra:

"Manifesto pela valorização das Unidades de Conservação do Brasil e pelo turismo sustentável
As organizações da sociedade civil alertam para a desvalorização dos parques brasileiros, que podem ser muito melhor explorados do ponto de vista turístico, promovendo a conservação aliada à geração de emprego e renda.

Estudo recente na publicação científica Conservation Biology indica que, nas últimas três décadas, 93 parques nacionais e outras Unidades de Conservação no Brasil tiveram suas fronteiras reduzidas ou seus status alterados. Retirou-se ou se reduziu a proteção de um total de 5,2 milhões de hectares de florestas nativas, que antes eram preservados em parques, reservas e estações ecológicas. Isso equivale ao território do Rio Grande do Norte e é superior ao da Costa Rica.

Unidades de Conservação na Amazônia foram as que mais sofreram, principalmente entre 2008 e 2012. Os principais motivos foram o avanço desregrado da geração e transmissão de energia hidrelétrica, do agronegócio e da urbanização.
Além das perdas já concretizadas, o Brasil convive com novas e constantes ameaças – um caso emblemático é o do Parque Nacional do Iguaçu, onde fica uma das sete maravilhas naturais do mundo: as Cataratas. Existe um projeto para construir uma estrada que cortará o parque, causando prejuízos aos animais e impactando a paisagem.

O Brasil ficou em 1º lugar no ranking do Fórum Econômico Mundial no quesito Belezas Cênicas, entretanto, vem perdendo posições no ranking mundial de competitividade de turismo.

Atualmente, dos quase 70 parques nacionais existentes no país, apenas 26 estão abertos à visitação e só 18 possuem infraestrutura satisfatória. Em 2012, esses parques tiveram 5,3 milhões de visitantes e arrecadaram menos de R$ 27 milhões com a venda de ingressos, sendo que pouco mais de 3 milhões de visitantes ocorrem somente nos Parques Nacionais da Tijuca e Iguaçu.

Os parques nacionais dos Estados Unidos, em 2008, receberam 275 milhões de visitas e geraram US$ 11,5 bilhões nas suas áreas de influência. Os cinco maiores parques da África do Sul recebem ao ano 4,3 milhões de turistas. Lá, 75% do sistema de parques nacionais é mantido pelos recursos advindos da visitação (incluindo concessões). Na Austrália, em 2007, turistas que visitaram parques nacionais foram responsáveis pela injeção de R$ 30 bilhões na economia do país. E, na Nova Zelândia, o turismo representa cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) e 15% dos empregos da costa oeste. O turismo promovido no Parque Nacional de Fiordland, ao sul daquele país, promove a geração de mais de 50% dos empregos do território, assim como o Parque Nacional de Banff, no Canadá.

O estudo Contribuição das Unidades de Conservação Brasileiras para a Economia Nacional aponta que a visitação nos parques existentes no país tem potencial para gerar até R$ 1,8 bilhão por ano, considerando as estimativas de fluxo de turistas projetadas – cerca de 13,7 milhões de pessoas, entre brasileiros e estrangeiros – até 2016, ano das Olimpíadas. O material foi desenvolvido pelo Centro de Monitoramento da Conservação Mundial do Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente e pelo Ministério do Meio Ambiente em 2011.

O Brasil precisa aproveitar essa oportunidade e reconhecer as Unidades de Conservação como o maior ativo deste país, conciliando desenvolvimento com a conservação dos recursos naturais. Ao valorizar e investir em seus patrimônios naturais, também se fortalecerá como destino turístico. Infelizmente, hoje nem os brasileiros nem os turistas estrangeiros podem usufruir adequadamente dessas riquezas. E, se o governo não agir para alterar a realidade atual, sobrarão poucas áreas protegidas para serem apreciadas no futuro."

Signatários:
Associação Ambientalista Defensores da Terra
Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA)
Associação Serra Geral de Montanhismo
Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME)
Fundação Neotrópica do Brasil
Conservação Internacional (CI-Brasil)
Fundação SOS Mata Atlântica
Grupo Ação Ecológica (GAE)
Grupo Bandeirantes da Serra
Instituto EcoFaxina
Instituto Ilhabela Sustentável
Instituto Semeia
Instituto Socioambiental (ISA)
Instituto Vale das Graças (IVG)
Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação
RPPN Morro do Elefante
WWF-Brasil


por Carla Bueno


imagem: Carla Bueno

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